
O Instituto de Previdência dos Servidores do Município de Goiânia (GoiâniaPrev) tenta recuperar R$ 23,5 milhões aplicados entre 2011 e 2013 na Foco DTVM, administradora de fundos ligada ao Banco Master, atualmente em liquidação. Segundo a Prefeitura, o valor investido nunca retornou e não gerou qualquer rendimento no período. Os recursos estavam em cotas de fundos imobiliários e de participação, classificados como investimentos de renda variável, sem garantia de liquidez.
A Foco DTVM administrava três fundos que receberam aportes do GoiâniaPrev, mas deixou a gestão em 2020. Desde então, os fundos passaram para outras instituições. A Prefeitura afirma que o instituto “não realiza novos aportes” e que tem adotado todas as medidas administrativas e judiciais para tentar viabilizar o desinvestimento.
A Polícia Federal apura desde 2020 se o Banco Master e a Foco DTVM integraram um esquema de desvio de recursos de fundos de pensão municipais. Reportagem do UOL revelou que pelo menos 20 institutos podem ter sido prejudicados.
O GoiâniaPrev aparece na lista da PF com suposta exposição de R$ 34 milhões — valor superior aos R$ 23,5 milhões confirmados pela Prefeitura. O caso começou a ser investigado na Operação Fundo Fake, que cumpriu mandados em cinco estados. Goiânia não foi alvo das buscas, mas precisou encaminhar documentos à PF.
O Master voltou ao centro das investigações em novembro deste ano, durante a Operação Compliance Zero, que apura manipulação de ativos e desvios em fundos de investimento. O Banco Central decretou a liquidação extrajudicial da instituição. O empresário Daniel Vorcaro, controlador do grupo, chegou a ser preso, mas foi solto no fim de semana.
Outros municípios também identificaram prejuízos. O AparecidaPrev, de Aparecida de Goiânia, informou ter R$ 40 milhões investidos em títulos do Master e já se habilitou como credor para tentar reaver o valor.
O patrimônio total do GoiâniaPrev é de R$ 1,5 bilhão, sendo 82,83% aplicado em renda fixa — segmento considerado de menor risco. Cerca de R$ 10,6 milhões estão alocados em fundos imobiliários, além de aportes menores em renda variável, investimentos estruturados e ativos no exterior. Apesar da diversificação, a Prefeitura afirma que o risco geral da carteira permanece baixo devido à forte concentração em renda fixa.
O município também iniciou um processo seletivo para escolher uma entidade fechada de previdência complementar, responsável por administrar o Regime de Previdência Complementar (RPC). A medida é obrigatória pela reforma da Previdência (Emenda Constitucional 103/2019). O novo sistema atenderá apenas servidores que ingressarem após a homologação do regime e que tenham remuneração acima do teto do INSS.
Segundo o Paço, o RPC não substitui o GoiâniaPrev, que continuará responsável pelo regime próprio dos servidores municipais.
A reportagem procurou o Banco Master, mas não houve resposta até o fechamento desta edição.